Logística portuária: Quais são os riscos no Brasil que a afetam?

Ao analisar como as mercadorias que usamos no dia a dia chegam até nós, nos deparamos com a logística portuária e como ela é uma peça-chave a nossa participação no comércio internacional. E quando analisamos o tamanho da costa marítima brasileira, nos damos conta de que os portos são ainda mais importantes.

Neste texto, abordaremos o setor como um todo, com enfoque nos portos de Santa Catarina e em como eles estão enfrentando algumas dificuldades que têm deixado nossa indústria e comércio preocupados.

Se quisermos fortalecer de verdade a logística portuária e impulsionar o desenvolvimento econômico do país, vamos precisar unir forças. Modernizar a infraestrutura, simplificar processos, capacitar profissionais e abraçar a inovação tecnológica. Esses são, inegavelmente, alguns passos importantes nessa caminhada.

Logística Portuária: Principais portos do Brasil

Certamente, os portos são fundamentais para o nosso comércio com o resto do mundo. E, desde a lei da modernização dos portos nos anos 90, muita coisa, sem dúvida, melhorou. Mas temos alguns desafios pela frente.



O ponto é que a infraestrutura portuária brasileira precisa de atenção, a burocracia pode ser diminuída, poucos portos concentram a maior parte da movimentação, existem questões de segurança e há ainda os impactos ambientais. Tudo isso acaba afetando a eficiência e a competitividade da logística portuária, que mesmo diante de tantos desafios se mostra em curva crescente.

A seguir, confira a performance dos maiores portos do Brasil.

Porto de Santos (SP)

Principal porto da América Latina, essencial para a economia do Sudeste brasileiro. De acordo com o relatório anual, no ano de 2023 movimentou aproximadamente 173,3 milhões de TEUs (Twenty-foot Equivalent Unit), número 6,7% maior que o de 2022.

Porto de Paranaguá (PR)

Trata-se do maior porto graneleiro da América Latina, crucial para o escoamento da produção agrícola do Paraná e estados vizinhos. A página oficial deste complexo portuário indica que a movimentação total realizada em 2023 foi de cerca de 65.393.256 milhões de toneladas.

Porto de Rio Grande (RS)

Localizado na região extrema do sul do país, este porto é estratégico para a economia do Rio Grande do Sul e do Mercosul e vem apresentando crescimento substancial ano após ano. Os dados oficiais indicam o total de 44.835.679 toneladas movimentadas no ano de 2023, o que significa um aumento de 13% em relação ao ano de 2022.

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Porto de Itajaí e Navegantes (SC)

Este é o maior complexo portuário de Santa Catarina, fundamental para a economia da região Sul, sobretudo para o escoamento da produção regional por meio da logística portuária. O acumulado anual dos dois portos apresentou movimentação de 14 milhões de toneladas em 2023.

Porto de São Francisco do Sul (SC)

A movimentação anual de 2023 bateu o recorde desde o início das operações, totalizando 16,9 milhões de toneladas. Conforme o relatório oficial publicado na página do porto, este número representa aumento de 34% com relação a 2022.

Porto de Itapoá (SC)

A movimentação em 2023 foi de aproximadamente 11,73 milhões de toneladas. Com pouco mais de uma década de operação, o Porto de Itapoá já ocupa posição consolidada entre os dez portos com maior movimentação de contêineres do Brasil.

Como os portos de Santa Catarina impactam na economia?

Santa Catarina é um estado com portos estratégicos que são verdadeiros motores da economia. Um estado pequeno em tamanho territorial, que conta com uma diversidade de cargas impressionante, e só fica atrás do principal porto brasileiro, o Porto de Santos.

Essa intensa atividade portuária gera muitos empregos. Não só nos portos em si, mas em todo o ecossistema ao redor: logística, transporte, armazenagem e uma série de serviços relacionados. É um efeito multiplicador que impulsiona a economia como um todo.

Ressaltamos ainda a grande vantagem da localização estratégica dos portos de Santa Catarina. Isso porque eles permitem escoar produtos de forma ágil para centros consumidores importantes e para os mercados internacionais.

Quais os riscos no Brasil que afetam nossa logística portuária?

A logística portuária brasileira enfrenta uma verdadeira tempestade de desafios. O "Custo Brasil", com sua alta carga tributária, burocracia complexa e infraestrutura deficiente, é um dos principais vilões. Atrasos, congestionamentos e avarias nas mercadorias também comprometem a eficiência e a confiabilidade do transporte. Sem falar na complexidade regulatória e nas questões de segurança e sustentabilidade.

Os portos catarinenses – como o de Itajaí, por exemplo – sofrem com paralisações e dificuldades operacionais. Para encarar esses desafios de frente, os setores público e privado precisam se unir e trabalhar muito, apostando em modernização, desburocratização e eficiência. Só assim nossos portos vão decolar em produtividade no cenário global.



Custo Brasil

Este é um dos maiores pesos na logística portuária do nosso país. Ele é uma mistura explosiva de altos impostos, uma burocracia que parece ser sem fim, combinado com uma infraestrutura que deixa muito a desejar.

Essa combinação de fatores acaba deixando nossos portos menos competitivos tanto no mercado interno como externo, dificultando a entrada do Brasil no comércio internacional e deixando os produtos nacionais mais caros no exterior.

Atrasos e congestionamentos

Outro desafio significativo enfrentado pela logística portuária brasileira são os atrasos e congestionamentos nas operações. São situações com filas intermináveis de navios, terminais engarrafados e cargas paradas. É o retrato da falta de investimentos em infraestrutura e da gestão ineficiente dos nossos portos.

Esses problemas diminuem a eficiência do transporte e deixam exportadores e importadores preocupados com os altos custos. Por fim, quem acaba prejudicada é a competitividade dos produtos brasileiros e, em última análise, o bolso do consumidor, com bens importados mais caros.

Avarias

As avarias nas mercadorias durante o processo logístico são outro ponto de atenção. Isso porque uma carga urgente pode chegar danificada, atrasada ou até mesmo não chegar, devido às condições inadequadas de armazenamento e manuseio nos portos.

Esses problemas não apenas tornam a operação mais cara, como também mancham a reputação do Brasil como parceiro comercial, pois prejudica os relacionamentos de longo prazo com clientes internacionais.

Burocracia e regulamentação

A burocracia complexa e a falta de sintonia regulatória são verdadeiros obstáculos da logística portuária. Com uma infinidade de órgãos envolvidos na liberação aduaneira, inspeções e autorizações, cada um com suas exigências e procedimentos, as operações portuárias também tornam-se complexas. Como resultado, as cargas são liberadas de maneira morosa, levando os custos de armazenagem às alturas e o risco sempre presente de atrasos nos embarques.

Por exemplo: falta de sincronização entre órgãos, como Ministério da Saúde, ANVISA e IBAMA, que exigem autorizações com prazos e procedimentos distintos para a importação de produtos.

Outro exemplo: Um exportador precisa transmitir a declaração de exportação para a Receita Federal, porém o sistema eletrônico da alfândega está instável e sujeito a falhas. Podemos citar ainda o caso de um exportador que precisa enviar uma remessa de produtos têxteis, mas o processo de exportação exige uma grande quantidade de documentos, como fatura comercial, certificado de origem, lista de embalagem etc.

A coleta e preenchimento de toda essa documentação é um processo moroso e custoso. É uma dificuldade de quem precisa importar ou exportar que mais rapidamente poderia ser, se não totalmente eliminada, consideravelmente diminuída.

Segurança e sustentabilidade

Essas duas palavras representam os pilares da logística portuária moderna. Tecnologia, capacitação e protocolos garantem proteção de cargas, minimizam impactos e previnem acidentes.

Houve tempos em que ambas eram negligenciadas. Depois, veio a era em que a humanidade se deu conta que não poderia negligenciar a segurança e foi gradualmente melhorando esse aspecto.

Já a preocupação com a sustentabilidade é um fenômeno relativamente novo se contarmos o histórico milenar mundial de estrutura portuária. Os investimentos em tecnologia, em pessoas e a adoção de protocolos eficientes tornaram-se vitais para garantir operações com segurança, que protejam pessoas, cargas e minimizem ao máximo os impactos ambientais.

Por isso a colaboração entre os setores público e privado é crucial para aprimorar processos, simplificar a burocracia e desenvolver portos preparados para os desafios do comércio internacional.

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