Fonte: Estadão
BRASÍLIA
- Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto nesta segunda-feira, 1, o
Brasil formalizou um acordo de exportação de carne in natura e
congelada para os Estados Unidos. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e a
embaixadora dos EUA, Liliana Ayalde, fizeram a troca de cartas de
reconhecimento de equivalência dos controles oficiais de carne bovina entre os
dois países.
Maggi afirmou que o acordo representa uma
oportunidade para que sejam explorados mercados de outros países, já que o
status sanitário similar ao norte-americano abrirá portas ao produto
brasileiro. "Estamos fazendo hoje um reconhecimento que o status sanitário
dos EUA e Brasil são iguais, se complementam, e uma boa parte do mercado
internacional se abre a partir deste momento", disse, em cerimônia no
Palácio do Planalto, ao lado do presidente em exercício, Michel Temer, e do
ministro das Relações Exteriores, José Serra.
Maggi disse que era preciso reconhecer que há muito
tempo se trabalhava pelo acordo e, sem citar o governo afastado da presidente
Dilma Rousseff, disse: "A nós coube esse privilégio de fazer esse evento
final." O ministro louvou o esforço de todos e repetiu ser privilegiado
por estar presente no ato. Maggi disse também que "a maior vitória"
não é o acordo em si, mas sim a equivalência do status brasileiro ao dos EUA.
"Estamos recebendo muito mais do que a possibilidade de mandarmos
toneladas de carne para EUA; estamos recebendo a possibilidade de exportar para
os demais países", afirmou. "Estamos explorando um caminho e uma
avenida larga", completou.
Em um discurso rápido - praticamente todo para
exaltar o trabalho de Maggi - o presidente em exercício, Michel Temer, disse
que o ministro dá exemplo "de um governo que não para" e repetiu que
a abertura das exportações de carne fresca e congelada para os EUA significa a
abertura da carne brasileira para outros países. "Nesses 80 dias, fizemos
coisas boas no governo e a principal foi escolher os ministros", disse
Temer, no início de sua fala de pouco mais de cinco minutos.
Temer lembrou que o acordo foi um trabalho "de
muitos anos", mas não citou o governo da presidente afastada Dilma
Rousseff. "Temos que reconhecer que outros tantos trabalharam (pelo
acordo)", disse. O acordo entre Brasil e Estados Unidos foi selado na
semana passada em Washington, durante o IX Comitê Consultivo Agrícola (CCA).
Segundo o governo, a expectativa é de que os embarques comecem em 90 dias, após
a finalização dos trâmites administrativos.
Serra afirmou que a cerimônia de hoje resulta de um
esforço de mais de 17 anos. "Hoje culminamos uma fase iniciada em 1999, em
várias administrações presidenciais atrás", afirmou. Segundo ele, a medida
em relação aos EUA, no médio e longo prazo, pode levar a um acréscimo de US$
900 milhões de receita na balança comercial brasileira.
O Brasil já vende carne bovina industrializada para
os EUA. Em 2015, de acordo com dados do governo, as exportações somaram US$
286,8 milhões. Com o fim dessa negociação em relação à carne fresca e
congelada, os frigoríficos brasileiros, juntos, terão uma cota de até 64,8 mil
toneladas por ano.
Disputa. O Brasil vai disputar
com outros países uma cota de importação de 65 mil toneladas anuais de carne
bovina dos Estados Unidos. Segundo representantes da indústria pecuária, o País
teria capacidade de suprir sozinho essa cota e ainda deve ser rapidamente o líder
entre os concorrentes, já que os preços da carne bovina brasileira são mais
competitivos.
No entanto, a abertura definitiva do mercado
norte-americano é encarada como a porta de entrada da carne brasileira para
outros países que possuem acordo ou mesmo seguem as mesmas regras sanitárias
dos Estados Unidos. Entre eles estão Canadá, México, nações caribenhas e ainda
mercados orientais, como os disputados Japão e Coreia do Sul, cujos preços
pagos chegam a três vezes o valor recebido hoje pelas companhias brasileiras.