Transporte de Carga Perigosa: quais os principais cuidados?

É comum associarmos carga perigosa a explosivos, mas você sabia que existem outros fatores que podem classificá-la como tal? Nas operações de Comércio Exterior, compreender sobre o transporte de carga perigosa pode determinar o sucesso da sua importação ou exportação, pois há diversos cuidados que devem ser observados.

A seguir discutiremos os principais pontos de atenção que você deve ter com esse tipo de carga.



O que é carga perigosa?

Geralmente são consideradas cargas perigosas substâncias que oferecem riscos durante o transporte, movimentação e armazenagem, por suas propriedades químicas e físicas.

Este tipo de carga é regulamentado pela IMO (International Marine Organization). Por esse motivo, é comum no Comércio Exterior se referir à carga perigosa como “Carga IMO”, ou simplesmente “IMO”.

As características e critérios de classificação são definidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) de acordo com o IMDG (International Maritime Dangerous Goods).

A divisão das classes é a seguinte:

  1. Explosivos em geral;
  2. Gases comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos sob pressão;
  3. Líquidos inflamáveis;
  4. Sólidos inflamáveis;
  5. Substâncias combustíveis e materiais oxidantes;
  6. Substâncias tóxicas (venenosas) e infecciosas;
  7. Materiais radioativos;
  8. Substâncias corrosivas;
  9. Mercadorias perigosas diversas (aqui entram todos os outros produtos que são considerados perigosos e que não se enquadram nas classes anteriores).

Vale salientar que a comunicação da classe deve ser feita em local visível da embalagem, de modo a informar claramente as peculiaridades e a natureza do produto para garantir a segurança no transporte da carga perigosa.

Carga perigosa: Exemplos

Um dos exemplos mais comuns são os combustíveis, classificados como líquidos inflamáveis (Classe 3), mas há também sólidos, como enxofre e carvão, que se enquadram na classe seguinte.

Na Classe 5 podemos citar o nitrato de potássio, amplamente utilizado como fertilizante na agricultura. Já na Classe 6 temos os pesticidas, empregados no combate a pragas. Além disso, substâncias radioativas empregadas em instrumentos hospitalares, como raio X e ácido sulfúrico, entram nas Classes 7 e 8, respectivamente.

Em todos os casos, é imprescindível garantir que a comunicação da Classe esteja visível nas embalagens.

Quais os principais cuidados no transporte da carga perigosa?

O transporte de carga perigosa exige alguns pontos de atenção que não podem ser ignorados, por exemplo, o tipo de embalagem. Ele deve ser apropriado para o transporte e manuseio do produto de forma a evitar vazamentos.

No modal escolhido, devem-se redobrar os cuidados no acondicionamento das embalagens especiais no caminhão, navio ou aeronave, respeitando as exigências de cada meio de transporte.

Essas regras específicas devem ser consideradas ainda na etapa de planejamento, de acordo com a classe do produto, já que na grande maioria estão atreladas à documentação e condições específicas.

Antes mesmo do início da operação de importação ou transporte é válido atentar para esse e os demais pontos que abordaremos em seguida.

Maior custo logístico

Naturalmente, por demandar cuidados especiais, o transporte de carga perigosa reflete no custo logístico. Assim como no transporte, não é possível agregar outros produtos e diluir o custo do frete. Da mesma forma, na armazenagem são necessários cuidados distintos para cada classe.



Também há peculiaridades no que diz respeito ao manuseio: pode exigir EPIs (Equipamento de Proteção Individual) diferenciados, alguns equipamentos específicos e uma equipe com maior grau de capacitação.

Tudo isso demanda um investimento naturalmente mais alto quando comparada a uma carga comum.

Limitadas opções para transporte

Devido às suas peculiaridades, limitações e necessidade de cuidados distintos o transporte de carga perigosa não possui muitas opções.

Conforme citado anteriormente, há restrições sobre o tipo de embalagem, sendo assim, não é qualquer container que pode transportar uma carga IMO. Bem como há limitações na utilização do serviço LCL (Less Container Load), modalidade que compartilha o espaço de um container com mais de um importador.

No modal aéreo as restrições são ainda maiores: quando não é proibido o embarque, sendo que esse tipo de produto só pode ser transportado por aeronaves cargueiras, o que diminui a disponibilidade e as opções de rota.



Documentação Exigida

Além de Commercial Invoice, Packing List e Conhecimento de Transporte, exigidos para o desembaraço aduaneiro, para realizar o transporte de carga perigosa devem ser providenciados alguns documentos específicos.

A exigência mais comum é do MSDS (Material Safety Data Sheet), que em português se torna FISPQ (Ficha de Informação de Segurança do Produto Químico). Em suma, é um documento emitido pelo exportador que contém todas as informações do produto perigoso, assim como todas as medidas de segurança e manuseio.

A Ficha de Emergência é o documento que contém todas as informações de procedimentos em casos de emergência, de modo a agilizar a contenção de um eventual problema e minimizar danos, além dos contatos do exportador e do químico responsável.

Há outros documentos, como o Certificado de Homologação, que atesta a qualidade e segurança da embalagem utilizada no transporte. O MDGF (Multimodal Dangerous Goods Form), um formulário que detalha o tipo de equipamento de embarque necessário e contém dados relevantes da carga.

Informe ao seu agente de carga que a carga é perigosa

Tão importante quanto o planejamento para o transporte de carga perigosa, é essencial que o importador informe ao agente de carga sobre a natureza do produto que pretende importar ou exportar.

Este ponto não deve ser negligenciado, pois todos os agentes envolvidos na cadeia logística precisam, de alguma forma, de organização e preparação específica para operar com segurança em qualquer tipo de carga, quem dirá a perigosa.



Para que essa comunicação ocorra da maneira devida, além do alerta informal, deve-se apresentar o MSDS, a Ficha de Emergência e qualquer outro documento adicional que seja solicitado. Assim os agentes logísticos e transportadoras poderão analisar se estão aptas a operar e planejar a disposição das cargas perigosas dentro de suas instalações.

Ocultar a informação de que uma carga é perigosa não pode, em hipótese alguma, ser uma opção, pois além de colocar a sua operação em risco, pode colocar vidas em perigo.

Conte com a Conexo para o transporte de sua carga perigosa

O transporte de carga perigosa é um assunto que demanda cuidado, conhecimento e organização, uma vez que há diversos detalhes que precisam ser notados muito antes do início da operação.

Qualquer equívoco pode resultar em prejuízos que vão além dos riscos financeiros, por esse motivo é preciso ter atenção e dispor de uma assessoria para auxiliar em todas as etapas do processo.

O que achou dos principais cuidados no transporte de carga perigosa? Ficou com alguma dúvida? Não hesite em entrar em contato conosco.

A Conexo possui um time de especialistas em Comércio Exterior e conta com parcerias estratégicas que podem ajudar e facilitar o seu dia a dia de importador.