Situação da Logística Internacional de Cargas em 2021

A CONEXO, na condição de Agente de Cargas Internacional, gostaria de compartilhar informações a respeito da Situação atual na Logística Internacional de Cargas.

Recorrentemente há informações a este respeito nos mais diversos meios de comunicação, a grande maioria das empresas e seus gestores já possuem dados sobre o tema, pois isso está desencadeando “dores de cabeça” para embarcar as cargas para exportação ou importação, independente do modal.

As dificuldades não são um “privilégio” somente do Brasil, mas do mundo. Por isso, separamos duas fontes para inspirar este informativo: Hapag-Lloyd, um dos principais armadores do mundo, e uma matéria do jornal The New York Times, que dispensa apresentações, na edição de 06 de março de 2021, com o título:  ‘I’ve Never Seen Anything Like This’: Chaos Strikes Global Shipping, em tradução livre ‘Nunca vi nada assim’: o caos atinge o transporte global.

Para começar, sabemos que esta situação é um dos efeitos da pandemia COVID-19, atingindo em cheio a indústria do transporte em quase todos os modais e nos quatro cantos do planeta.

Assim, vamos dividir em duas partes as informações:

  • Os motivos
  • As consequências

Motivos

  • Mudança de hábitos de vida e consumo da população (aqui já resume grande parte dos problemas);
  • Ruptura da engrenagem logística que funcionava como uma “orquestra”, onde as origens e destinos já estavam bem desenhadas e com as estruturas preparadas para suportar o “giro da roda”;
  • Redução da mão de obra em muitos países no setor de transporte interno (truck) e em atividades operacionais necessárias ao normal funcionamento de terminais;
  • Terminais portuários estão trabalhando no limite ou, em alguns casos, acima da capacidade, gerando um gargalo nas operações;
  • Condições climáticas adversas, principalmente no hemisfério norte;
  • No caso do modal aéreo, houve uma redução drástica do número de voos de passageiros e, para alguns destinos ou origens, as opções cargueiras são limitadas, ou nem mesmo há operações, lotando algumas rotas pela busca de solução para que as cargas cheguem ao seu destino.


Consequências

  • Escassez de contêineres nos principais pontos de comércio do mundo, dificultando e atrasando operações logísticas;
  • Aumento de tarifas tanto no modal marítimo como no aéreo;
  • Muitos portos com congestionamentos ao largo e até mesmo em berços de atracação, para descarregamento e carregamento de cargas;
  • Atrasos e omissões de navios em grande parte dos portos do Brasil e em muitos outros portos no mundo;
  • Aumento do tempo de trânsito;
  • Dificuldades em soluções de problemas, pelo fato de que parte da mão de obra operacional estejam trabalhando no sistema home-office;
  • Atrasos e dificuldades para cotações;
  • Dificuldades para conseguir reservas confirmadas (Bookings) para datas desejadas;
  • Muitas vezes os exportadores têm que escolher entre a melhor tarifa, confirmação de espaço ou disponibilidade de equipamento para estufagem;
  • No aéreo, além de restrições de destinos e espaços, embarques podem seguir de formas parciais;
  • Entre outras!


A pergunta de “um milhão de dólares” é: até quando?

Não há uma resposta definitiva, dependerá de muitos fatores, mas alguns sinais de diminuição de certos gargalos já são conhecidos, como por exemplo, a redução das tarifas marítimas da Ásia, ainda longe dos patamares anteriores a pandemia, mas com a sinalização de uma melhora entre a demanda e oferta, apesar das dificuldades de espaços permanecerem.

Na matéria do NYT, segundo suposição de especialistas, comenta-se que o problema da escassez de contêineres perdurará até o final do ano devido aos fabricantes, maioria chineses, conseguirem colocar as entregas em dia somente a partir do final deste ano.

Também há a questão da demanda dos americanos que aumentou em muito o consumo de bens da “nova realidade” e que são produzidos principalmente na Ásia, o que se pressupõe que esta rota continuará com alta procura, resultando como efeito dominó a continuidade das dificuldades logísticas também em outros mercados.

Em contato com alguns armadores, não conseguimos respostas a esta pergunta. Ninguém se arrisca. Mas informalmente, alguns comentam que as matrizes estão fazendo o máximo possível para tentar normalizar, principalmente as reposições de equipamentos vazios nos principais locais problemáticos, tanto que em alguns portos, os armadores tem preterido embarcar cargas de exportação ao embarque de contêineres vazios. Claro que, aqui pode se ter algumas leituras, como a de que hoje, vale mais a pena reposicionar equipamentos vazios na Ásia que tem maior rentabilidade no transporte de “lá para cá”, do que embarcar cheios com custos de demoras e operações maiores, e que não seriam tão rentáveis no cenário atual.

No Brasil, ainda temos a situação de que muitas commodities, demandam muitos equipamentos e espaços em épocas de safra, agravando os problemas.

No modal aéreo ainda não há sinalização do retorno da normalização de voos por causa das restrições ainda impostas por muitos países para viagens.

Enfim, como sugestão, mais do que nunca, faz-se imperativo e dentro do possível, uma programação antecipada de suas importações e exportações.

A CONEXO fica a disposição para gerenciar o trânsito de suas cargas e rotas dentro desta nova realidade na Logística Internacional de Cargas, clique aqui e conheça nossos serviços.


Autor
Fabio Belau
 Diretor Geral da CONEXO


Fontes
NYT: https://www.nytimes.com/2021/03/06/business/global-shipping.html?smid=em-share
Hapag-Lloy – Customer News – 26 de fevereiro 2021 – Efeitos da pandemia COVID-19 na indústria da navegação