Em primeiro lugar, será que o Pagamento Antecipado pode ser a melhor opção para minha importação?
Antes de tudo, conhecer melhor os detalhes dessa modalidade de pagamento o colocarão em posição privilegiada para uma melhor negociação.
Confira as dicas com tudo que se precisa saber sobre o Pagamento Antecipado, seus passos e melhores práticas.
O termo em si já é bem esclarecedor: o Pagamento Antecipado nada mais é que o pagamento realizado de maneira adiantada.
Ou seja, o importador paga o valor total ou fracionado da fatura comercial (Commercial Invoice) antes do embarque da mercadoria.
O Pagamento Antecipado é uma das modalidades de pagamentos internacionais mais utilizadas, embora seja também a de maior risco para o importador: uma vez que a mercadoria corre o risco de não ser entregue.
Além disso, todo o risco da operação, seja comercial ou relativo a custos adicionais logísticos por atraso de embarque, é transferido ao importador.
Então, perceba que o comprador precisará desembolsar antecipadamente para realizar o pagamento da mercadoria (além do frete e seguro, a depender dos INCOTERMS). Isso pode comprometer seu fluxo de caixa caso não tenha um bom planejamento financeiro.
O Pagamento Antecipado geralmente é utilizado nas negociações em que:
Para realizar o Pagamento Antecipado é preciso ter às claras e acordados todos os detalhes que compõem a negociação entre comprador (importador) e vendedor (exportador).
Com a negociação concluída, o exportador fará a emissão da Proforma Invoice com todos os termos negociados. Isso inclui, além dos preços da mercadoria, os INCOTERMS, prazo de entrega, e a maneira que o Pagamento Antecipado será realizado, quer de forma integral, parcelada ou a porcentagem dele.
Não deixe de verificar se o exportador disponibilizou todas as diretrizes para a realização do pagamento: uma Proforma Invoice sem dados bancários, como o código SWIFT e IBAN, dificilmente serão aceitos em bancos ou corretoras.
A falta dessas informações impedirá o fechamento de câmbio.
Pode parecer preciosismo, mas dar uma olhada se o RADAR da empresa importadora está ativo pode evitar algumas surpresas indesejáveis e caríssimas quando a carga chegar no Brasil.
Tenha certeza de que a empresa terá disponibilidade dos recursos financeiros na época certa para que o processo não sofra nenhum prejuízo logístico ou financeiro.
Considere, além do valor relacionado à mercadoria, a disponibilidade (e no tempo previsto) de todos os recursos necessários para os pagamentos de toda parte logística, desembaraço e impostos.
Já tenha negociado com o banco ou uma boa corretora o câmbio a ser fechado. Vale lembrar que a moeda estrangeira neste momento é um produto a ser negociado e adquirido.
No Pagamento Antecipado é preciso saber que o comprador (importador) precisará investir antes e colher os louros depois.
Ter ciência de que ele deverá aguardar a fabricação ou, de alguma maneira, a disponibilidade da mercadoria em estoque, liberar a mercadoria para coleta, providenciar a negociação e acompanhar a logística internacional, o despacho aduaneiro, transporte da mercadoria desembaraçada até o destino final para só então contar com ela em suas mãos para que o valor investido comece a dar algum retorno.
Conhecer que é possível correr alguns riscos é fundamental: alguns exportadores, com o dinheiro no bolso, podem, a seu exclusivo critério, ser mais flexíveis com relação ao prazo de entrega ou agir com descaso quando eventuais correções nos documentos oficiais forem necessárias.
O exportador com dinheiro em mãos tende a se sentir mais confortável. Contudo, tudo vai depender também da idoneidade dele e do relacionamento construído entre as partes.
Fique atento: na modalidade de Pagamento Antecipado, tenha o contrato de câmbio em mãos para fazer o registro da DI (Declaração de Importação). É possível que a Receita Federal Brasileira (RFB) solicite esse documento.
Mesmo sendo um pagamento antecipado há margem para alguma negociação a fim de garantir a melhor aquisição, minimizar alguns fatores de risco ou até mesmo conseguir alguma vantagem:
Geralmente, como sinal de boa fé, e dependendo do valor total da compra, é comum negociar o pagamento de um sinal.
Um primeiro pagamento com valor entre de 10 a 30% da compra geralmente é acordado para que então a mercadoria comece a ser providenciada: seja através de sua aquisição ou alguma eventual produção interna para posterior disponibilização em estoque.
Sempre dependendo do volume da aquisição e da negociação em geral, é possível que se faça outros pagamentos de maneira fracionada até completar o valor total da operação antes do embarque.
Após o pagamento total e carga pronta, o exportador providenciará todos os trâmites aduaneiros no país de origem para envio da mercadoria ao de destino.
Após o embarque, aí sim ele enviará os documentos originais para o importador, que poderá então preparar-se com mais segurança para nacionalizar a mercadoria.
Tudo depende da estratégia adotada. O Pagamento Antecipado pode, sim, ser uma opção interessante para o importador:
Adiantar todos os valores acordados permite um maior poder de negociação, afinal o exportador receberá o montante total, de maneira que também poderá providenciar os recursos de fabricação e aquisição das mercadorias. Uma reação em cadeia.
Pode, portanto, além garantir um melhor preço e prazo de entrega, assegurar que os preços das mercadorias não sofram variação ao longo do processo.
Contudo, o pagamento Antecipado pode também ser interessante em tempos de instabilidade cambial: quando a tendência da moeda brasileira é a desvalorização a médio e longo prazo, esta é uma opção para economizar.
Dessa maneira, o risco cambial é transferido ao exportador, embora o investimento inicial seja alto, dependendo do total da operação a vantagem é bem-vinda.
Embora no Pagamento Antecipado o importador fique cativo do exportador e dependa de um bom planejamento para disponibilização dos recursos necessários à aquisição da importação, essa modalidade tem suas vantagens.
O sucesso da operação também vai depender de como o importador paga por ela. É uma decisão estratégica da análise da saúde financeira do importador, além da situação geral da economia dos países que estão negociando.
Jonas Vieira
Consultor, Escritor e Produtor de Conteúdo de Comércio Exterior
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