A recente decisão do Senado do México de elevar tarifas de importação acendeu um alerta no setor industrial brasileiro. A medida, aprovada na noite de 10 de dezembro, prevê a criação ou aumento de tarifas para cerca de 1.400 produtos importados de países que não possuem um Acordo de Livre Comércio (ALC) amplo com o México — caso do Brasil. O texto ainda aguarda sanção da presidente Claudia Sheinbaum e, se confirmado, entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026.
As novas alíquotas devem variar, em sua maioria, entre 20% e 35%, podendo chegar a até 50% em casos específicos, como alguns veículos automotivos. Entre os setores mais afetados no comércio bilateral estão automóveis, autopeças, têxteis, vestuário, aço, plásticos e calçados — áreas com forte presença da indústria brasileira nas exportações ao mercado mexicano.
De acordo com estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a elevação tarifária pode impactar até US$ 1,7 bilhão das exportações brasileiras para o México, o equivalente a aproximadamente 14,7% do total exportado ao país em 2024. Com isso, o Brasil figura entre os cinco países mais afetados pela medida.
A CNI destaca ainda que os acordos atualmente em vigor entre Brasil e México não são suficientes para mitigar os efeitos da nova política tarifária. Cerca de 40% das exportações brasileiras ao país ficariam vulneráveis ao aumento das taxas, reduzindo a competitividade dos produtos nacionais frente a fornecedores de países com acordos comerciais mais robustos.
Diante do cenário, a entidade defende que o governo brasileiro acelere as negociações para um Acordo de Livre Comércio mais abrangente com o México, considerado um mercado estratégico para a indústria nacional. No entanto, a decisão mexicana é vista como um fator que pode esfriar as tratativas comerciais previstas para avançar em 2026.
O governo do México afirma que a iniciativa integra o chamado “Plano México”, voltado ao fortalecimento da indústria local e à redução da dependência de insumos externos. Enquanto isso, no Brasil, o setor produtivo acompanha com preocupação os desdobramentos e cobra uma resposta diplomática e comercial à altura do impacto potencial.



